quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

380 feridos em choques entre manifestantes e polícia

A polícia egípcia usou gás lacrimogêneo e balas de borracha nesta quinta-feira para dispersar os manifestantes que, num protesto contra os confrontos da véspera num estádio de futebol de Port Said, se reuniam nos arredores da mesma Praça Tahrir (Cairo) que há um ano ajudou a derrubar o ditador Hosni Mubarak. Mais de 380 pessoas ficaram feridas, e pelo menos 260 delas tiveram que ser levadas para o hospital.

Na quarta-feira, um confronto entre torcedores de dois dos clubes mais populares do Egito durante uma partida do campeonato nacional terminou na maior tragédia da história do esporte no país, com 74 mortos e mais de mil feridos. Muitas das 10 mil pessoas que foram às ruas do Cairo nesta quinta culpam a ineficiência e uma suposta complacência dos policiais pela violência.

A polícia decidiu intervir depois que milhares deixaram a Praça Tahrir para protestar em frente ao Ministério do Interior. Atingidos por gás e balas de borracha, os manifestantes jogaram pedras contras as forças de segurança e tentaram romper a barreira que protegia o prédio oficial.

A violência expôs uma crise política que já se estende desde a queda de Mubarak, em fevereiro. Desde então está no poder um governo militar interino muito criticado pelos egípcios pela demora com que promove a transição para um regime civil.

Jovens, sobretudo torcedores do Al-Ahly, as principais vítimas, bloquearam as ruas próximas à sede da TV estatal e a famosa praça Tahrir, no Cairo, e uma multidão se reuniu na principal estação ferroviária da cidade para receber torcedores que chegavam de Port Said, local da tragédia.

"Abaixo o regime militar", gritava a multidão ao ver os corpos cobertos sendo retirados dos trens.

Chefe da junta militar promete achar culpados

O Parlamento realizou uma sessão extraordinária para discutir a violência e anunciou o envio de um comitê parlamentar para investigar o caso. A Irmandade Muçulmana, que domina o Legislativo, disse que uma mão "invisível" está por trás da tragédia.

Segundo o Ministério do Interior, o tumulto foi provocado por um grupo de torcedores que desejava deliberadamente causar "anarquia, distúrbios e corre-corre".

O marechal Mohamed Tantawi, chefe da junta militar, concedeu uma rara entrevista telefônica ao canal de TV pertencente ao clube Al-Ahli, prometendo identificar os culpados pela tragédia. O Exército anunciou três dias de luto oficial.

"Lamento profundamente o que aconteceu na partida de futebol em Port Said. Ofereço minhas condolências às famílias das vítimas", afirmou Tantawi em declarações transmitidas pela TV estatal.

O primeiro-ministro Kamal Ganzuri reconheceu ser o responsável político pela briga das torcidas. O premier informou ao Parlamento e ao presidente da Federação de Futebol do Egito que destituiu os chefes dos serviços de segurança e inteligência de Port Said.

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