Em cartaz como Simone de Beauvoir, atriz diz que não quer saber de puxa-sacos
Equanto muitos novos artistas por aí adoram se autoelogiar, a atriz Fernanda Montenegro, considerada a maior dos palcos, cinema e TV, não gosta de ser chamada de "a grande dama do teatro brasileiro".
E olha que ela é a única intérprete da história do país já indicada ao Oscar de melhor atriz, por seu trabalho em Central do Brasil.
A atriz fez a humilde confissão à revista TPM. Questionada sobre o que acha de ser chamada de "monstro sagrado", ela foi bem sincera.
- Acho uma m... Uma m... E sempre me perguntam isso. E eu sempre dou a mesma resposta. Mas não consigo me livrar disso. Acho ridículo. É como se me tirassem de uma pessoa e me transformassem em uma personagem. Isso é uma bobagem imensa.
Fernandona, como é chamada, está com 82 anos.
Mesmo ela não querendo, é sim, a diva maior dos palcos. Ela atualmente interpreta a filósofa francesa Simone de Beauvoir na peça Viver Sem Tempos Mortos, em cartaz no Teatro Raul Cortez, em São Paulo.
- Comecei a ler a obra da Simone com 19 anos. Ela e [Jean-Paul] Sartre ajudaram a mudar o mundo. Esse projeto me veio através do Sergio Britto, meu grande irmão teatral, uma pessoa com quem convivo desde 1948, que faz parte da minha família escolhida. Ele não pôde fazer por problemas de saúde, mas fiz sozinha até em homenagem a ele. O Sartre está ali o tempo todo.
Sobre envelhecer, ela foi bem direta.
- Não quero ser jovem e não me acho jovem, claro que não. Mas me sinto como um ser humano ativo.
E ainda falou sobre a dificuldade de fazer teatro, mesmo sendo quem é.
- O teatro é inglório. Todo dia você repete aquele processo e todo dia corre o risco de fracassar. Será que se foi bom hoje vai ser bom amanhã? Isso depende de muita coisa. É que, independente da vontade do elenco, a mágica não aconteceu naquele dia. Não é todo dia que é maravilhoso.
Mãe do diretor Claudio Torres e da atriz Fernanda Torres, frutos do casamento com o ator Fernando Torres, ela diz que é bastante dedicada à família.
- Estou preocupada sempre. Uma mãe vive preocupada. Quando eles estão bem, penso: "Agora está tudo bem, mas e depois?”
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