Encontro internacional estava previsto para acabar ontem, mas falta de acordo forçou negociadores a prorrogar conclusão em Durban
Sem consenso sobre uma série de acordos, os negociadores que participam da 17ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Durban, na África do Sul, adiaram para hoje o encerramento das discussões e a definição do documento final.
Longas horas de negociação praticamente sem interrupções desde o dia 8 não conseguiram, até o momento, atingir o objetivo de aproximar os países que participam das reuniões.
Os negociadores disseram que a expectativa é que, depois de uma noite em claro, hoje seja concluída a reunião. Há um clima de otimismo entre as delegações do Brasil e da União Europeia. Elas acreditam que será possível fechar um acordo sobre a continuação do Protocolo de Quioto, que vence no ano que vem. O caminho para um novo acordo global não encontrou apoio entre os representantes da China e da Índia.
Declaração final
Observadores disseram que as primeiras versões dos rascunhos de uma possível declaração final, que previam para 2020 o início de um novo período de redução de emissões de dióxido de carbono, foram duramente criticadas.
Os problemas atingem principalmente os anos além do prazo de 2020 - considerado distante demais por países como os da União Europeia. A ausência de clareza sobre a situação legal do acordo e a proposta sobre a segunda etapa de Quioto também desagradaram.
A linguagem vaga sobre o valor legal do documento, entretanto, pode ser a única forma de fazer com que os Estados Unidos o aprovem. Sem respaldo doméstico para negociar um tratado climático e às vésperas de eleições presidenciais, qualquer compromisso legal mais firme possivelmente teria um fim semelhante ao do Protocolo de Kioto, aprovado pelos EUA internacionalmente, mas nunca ratificado domesticamente.
Negociações
Como a reunião de Durban já está na prorrogação desde as 18h de ontem, a pressão do tempo dificulta ainda mais as negociações. Representantes da União Europeia, autora do projeto que vinha sendo considerado viável como saída para o encontro de Durban, demonstraram incômodo com o prazo de 2020.
Essa reação, por sua vez, segundo os negociadores, ameaça a continuação do Protocolo de Kioto, uma vez que a Europa deve ficar praticamente só entre os países desenvolvidos no acordo: os Estados Unidos nunca participaram, e o Canadá, o Japão e a Rússia não devem entrar na segunda fase.
O impasse ocorreu porque, sem a participação da Europa, o acordo fica praticamente inviabilizado, fazendo com que o grupo Basic (Brasil, África do Sul, Índia e China) dificilmente se comprometa com qualquer meta obrigatória, por mais futura que seja.
Porém, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse que o governo do Brasil se dispõe a adotar "o mais cedo possível" alguma versão do plano da União Europeia para um tratado com força de lei e metas de redução de emissões.
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